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Entenda como fracasso na criação de antídoto para veneno de cobra pode ser algo bom

Anualmente, mais de 100 mil pessoas morrem por picadas de cobra, enquanto centenas de milhares sobrevivem, mas com sequelas, como deficiências por amputações.

As regiões que mais sofrem com a situação são África, Ásia e América Latina. Na África, por exemplo, as cobras mais venenosas são a mamba negra e cobras e víboras com escamas de serra e de tapete.

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Já na Ásia, a víbora de Russel, a víbora-escama e a krait comum estão entre as mais venenosas. Na América Central e no norte da América do Sul, a víbora venenosa Bothrops asper é quem mais mata e deixa sequelas.

Especialistas em venenos e antígenos ouvidos pelo The Conversation passaram quatro anos desenvolvendo anticorpo terapêutico que mitigasse os efeitos de picadas de víboras.

Eles acreditavam ter cumprido todos os padrões para criar antídoto eficaz e seguro, mas, no último percalço a ser superado, eles perceberam que o anticorpo não neutralizou as toxinas da cobra, mas, sim, as aumentou e piorou os efeitos negativos do veneno.

Apesar da situação decepcionante, os pesquisadores consideraram o resultado uma lição valiosa. “Ao relatar esta nova maneira pela qual os antivenenos futuros podem falhar, destacamos um problema com as recomendações atuais para testar antivenenos que estava oculto até agora”, disseram.

É provável que nossa lição tenha impacto muito maior no desenvolvimento de tratamentos para picadas de cobra do que se o anticorpo tivesse sido um sucesso, porque a descoberta ajudará os investigadores de antígenos a concentrarem seus esforços para não falharem no último obstáculo como nós.

Pesquisadores, em artigo do The Conversation

Imagem: Ali _Cobanoglu/Shutterstock

Desenvolvimento do antídoto

  • Grande porcentagem do veneno da B. asper consiste em moléculas potentes que danificam os músculos, chamadas fosfolipases A₂ (PLA₂s) e toxinas semelhantes ao PLA₂;
  • Estes têm efeitos graves, muitas vezes levando a danos irreversíveis e incapacidades;
  • A miotoxina II, toxina semelhante ao PLA₂ da B. asper, é particularmente significativa;
  • Os mecanismos precisos subjacentes à ação da miotoxina II não são totalmente compreendidos;
  • Sabe-se que exerce seus efeitos localmente, ligando-se às fibras musculares e provocando danos musculares;
  • Esta ação localizada representa desafio para os tratamentos antivenenos tradicionais.

Os pesquisadores tentaram desenvolver anticorpos monoclonais humanos que tenham como alvo e neutralizem a miotoxina II que perturba a membrana. Durante os primeiros quatro anos do projeto, os anticorpos descobertos continuaram a mostrar efeitos impressionantes na neutralização da toxina.

Mesmo quando testados em ratos vivos, utilizando o atual padrão-ouro para testes de soro antiofídico, os anticorpos mostraram neutralização impressionante de forma contínua, prosseguem os pesquisadores.

No entanto, para o anticorpo mais promissor, eles desejavam dar um passo adiante e realizar experimento que se assemelhasse mais a um envenenamento humano, no qual o anticorpo é injetado após a penetração do veneno.

Os resultados desta experiência adicional foram igualmente decepcionantes e surpreendentes para os pesquisadores. O anticorpo mais promissor neste último experimento mudou seu efeito neutralizador de toxinas para intensificador de toxinas.

Eles indicaram que os resultados foram tão surpreendentes que decidiram repetir imediatamente a experiência. “Achamos que algo devia ter dado errado, como o anticorpo ou outros materiais estragados. No entanto, os resultados permaneceram os mesmos”, afirmaram.

Este curioso fenômeno foi denominado “aumento da toxicidade dependente de anticorpos”, representa nova descoberta na imunologia de toxinas. Fenômenos semelhantes foram observados em outros contextos, como com cogumelos venenosos e toxinas bacterianas, mas jamais com toxinas do reino animal.

Segundo eles, estudos adicionais serão necessários para compreender completamente o que causa o aumento da toxicidade dependente de anticorpos.

Imagem: Elnur/Shutterstock

Há males que vêm para o bem

Mas há boas notícias sobre esse fracasso. É oportunidade para pesquisadores de antivenenos de todo o mundo, independentemente da espécie de cobra com a qual estejam trabalhando, reavaliarem seus modelos pré-clínicos (como o atual modelo padrão-ouro).

Eles também acham que os pesquisadores de antígenos deveriam considerar a incorporação de experimentos mais sofisticados como os usados ​​em seu estudo, que se assemelham mais a um caso de envenenamento da vida real.

Ao fazer isso, a comunidade de pesquisa de antídotos pode agilizar o processo de descoberta de medicamentos. Isso irá acelerar a identificação e o desenvolvimento de tratamentos mais seguros e eficazes para picadas de cobra.

O post Entenda como fracasso na criação de antídoto para veneno de cobra pode ser algo bom apareceu primeiro em Olhar Digital.

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